3ª FASE DE TRABALHO

Ficha técnica:
Direcção: Ana Silveira Ferreira e Laura Lamas
Selecção e colagem de textos de Jean-Paul Sartre, Marcel Proust e Vergílio Ferreira por Ana Silveira Ferreira
Interpretação: Ana Mendes, Carlos F. Lopes, Cláudia Medeiros, Helena Estanislau, Joana Cavaco, Joana Poejo, Lília Parreira, Mafalda Belo, Sara Costa, Tatiana Gonçalves.
Luminotecnia: Cláudio Pereira e Paulo Vargues
Cartaz: Bruno Cardoso
Produção: Sónia Anes e Nuno Rendeiro, GATUÉ


Apresentações públicas de 6 a 10 de Julho de 2006 no Convento do Carmo (Universidade de Évora)

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O estudo que desenvolvi sobre Marcel Proust, a partir d´”À la recherche du temps perdu” tinha como objectivo fundamental, para mim, definir algumas linhas da minha teoria ou técnica de trabalho com actores.
A forte relação, pela recepção de signos, que o autor-narrador deste romance desenvolve, ao longo de toda a obra, com o tempo perdido, o qual se revela afinal frutífero e reencontrável, levou-me a empreender um trabalho de investigação que viria a ficar fortemente marcado pelas expectativas do tempo e pelo contraste ansioso entre os momentos de tensão máxima (onde a acção é exteriorizada pela explosão de si, num esgotamento físico) e os de anulação ao mínimo (onde a acção é totalmente interiorizada pelo apagamento exterior de si, numa abolição do movimento e pela tentativa voluntária de não mostrar). O actor, trabalhando acima de tudo na sua condição pessoal, precisava preparar-se para este paradoxo orgânico, o qual tive de, por muitos meios, despertar em si.
Posteriormente, porém, comecei a amadurecer uma outra (terceira) condição fundamental, para mim, no trabalho do actor, à luz das passagens trabalhadas, das experiências feitas e das ideias concluídas. Não deve tratar-se só de fazer o actor oscilar entre estados energéticos opostos, mas antes também de o fazer dominar esse estado intermédio.


(Excerto de um texto escrito em Setembro de 2005, entre a 3ª e a 4ª fases de trabalho.)